Rota do Românico: Mosteiro de São Salvador Paço de Sousa

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O mosteiro de  São Salvador Paço de Sousa, fundado no século X por D. Godo Trutesindo Galindes e sua esposa Arninia, é um monumento único onde as tradições locais e a influência do românico de Coimbra e do Porto se misturam, criando um tipo de românico nacionalizado que se espalhou pelas bacias do Sousa e Baixo Tâmega. Sua arquitetura exerce um papel fundamental, pois à partir de seus elementos decorativos, recheados de simbolismo, compreende-se episódios da fundação de Portugal que não estão registrados em livros. Curioso para descobrir mais?

 

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Mosteiro de São Salvador Paço de Sousa

História, simbologia e significado

É fácil perceber que o Mosteiro de Paço de Sousa é um pouco maior daquilo que é o habitual nas igrejas românicas de Portugal. A sua expressiva dimensão se deve ao grande investimento para a sua construção e também, para concluir a missão de ser um polo aglutinador de povoamento e assim, fixar território num período em que o país estava em luta para conquistar a sua independência.

No topo da porta, vemos um boi, um homem com a mão agarrando a barba e no restante da faixada vemos uma decoração vegetalicia, escamas de peixe, vieiras, estrelas… cada elemento com o seu respectivo significado que nos permite viajar na simbologia do românico. Muitos deles foram feitos em sinal de alerta para aquilo que não deve acontecer, como os pecados e os vícios.

Poderia descrever muitos outros elementos, mas prefiro guardar algumas percepções. Afinal, não há Rota do Românico sem um pouquinho de suspense e mistério!

Já o interior, na sua decoração há uma mistura do estilo românico com o gótico. As paredes grossas, construídas com pedra de granito, atribuem um caráter maciço e sombrio mas que, na verdade, são consequência da necessidade de defesa. Não podemos esquecer que, além dos castelos, as igrejas também serviam para proteger a população em caso de perigo e ataques.

Além da grandiosa arquitetura românica que impressiona e que nos releva fatos, é neste mosteiro que está o túmulo de Egas Moniz – a quem foi confiada a educação de D. Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal. Por isso, a visita é mais que obrigatória!

 

Egas Moniz: o tutor de D. Afonso Henriques

Egas Moniz, descendente de uma importante família de Entre-Douro-e-Minho, destacou-se na história do país por ser um homem honrado, bem-aventurado e leal ao fundador de Portugal. Sua vida sempre esteve envolta de lendas que se cruzam com a História de Portugal.

Uma delas, diz que Egas Moniz, sabendo do nascimento de Afonso Henriques, teria cavalgado até Guimarães para pedir aos condes D. Henrique e Dona Teresa que lhe dessem o seu filho, nascido com graves defeitos físicos, para o educar. Cerca de cinco anos depois, Egas teve um sonho com a Nossa Senhora que lhe pede para encontrar sua imagem num buraco e, naquele lugar, construir uma igreja com um altar, onde o jovem Afonso devia ficar, por uma noite, para ser curado. Há boatos ainda que, Egas teria trocado o seu filho por Afonso Henriques para entregar aos condes uma criança perfeitamente saudável e apita a ser um grande guerreiro.

Outra lenda, um pouco mais conhecida, está relacionada ao não cumprimento de compromissos assumidos por D. Afonso Henriques a seu primo Afonso VII, Rei de Leão.

Após a morte do conde D. Henrique, em 1112, D. Teresa ficou à frente do Condado Portucalense seguindo uma política de submissão a Afonso VII. Como já é de se imaginar, D. Afonso Henriques e Egas Moniz discordavam desta prática de governo e, na tentativa de subtrair-se à autoridade do Rei de Leão, D. Afonso Henriques entrou, várias vezes, em confronto militar a ponto do monarca fazer um cerco em Guimarães.

Apesar das inevitáveis consequências deste ato militar – como a falta de alimentos e o cansaço -, D. Afonso Henriques recusava a se render. No entanto, aceitou que Egas Moniz negociasse a paz com o seu primo. Assim, Egas deu a sua palavra, prometendo que D. Afonso Henriques honraria os compromissos assumidos, nomeadamente a sua submissão e obediência a Afonso VII. No entanto, isso não aconteceu na prática.

Após a invasão de D. Afonso Henriques a Galiza, Egas Moniz, acompanhado pela família, foi até Toledo, com uma corda ao pescoço, oferecer a sua vida e a de sua família como pagamento pelo não cumprimento da promessa. O rei, comovido com tanta honra, o perdoou e o mandou em paz, de volta ao Condado Portucalense.

Alguns historiadores afirmam que o episódio da “lenda da submissão” nunca existiu e que foi propagada para fortalecer a história e os valores da linhagem da família. Será verdade? Luís de Camões, em Lusíadas diz que não. Agora… vai saber…

 

Túmulo de Egas Moniz: as cenas de vida do tutor

O túmulo de Egas Moniz é considerado uma das mais belas peças da escultura românica nacional. Nela estão esculpidas cenas da vida do tutor, como o episódio da ida até Toledo, sua morte e a cerimônia fúnebre.

No entanto, os restos mortais de Egas Moniz não estão no interior do túmulo. Numa das movimentações do túmulo, para dentro da capela-mor da igreja, foi descoberto que uma parte dos ossos já tinha sido retirada. Na ocasião, foi encontrado apenas os ossos dos braços, das pernas e parte da cabeça que, de acordo com as investigações, correspondem a um homem de grande estatura.

Pelos vistos, Egas Moniz não teve descanso nem depois de morto. Não se sabe onde estão os seus restos mortais e nem o que, das suas lendas, é de fato verde. O que se sabe é que, olhar para o seu túmulo é olhar para 1000 anos de história! Concentre-se aos detalhes esculpidos em alto-relevo, dos elementos ilustrados, como o cortejo, a alma saindo da boca de Egas Moniz, o modo como expressam a tristeza, as figuras religiosas, e outras tantos… Interprete e por fim, tire as suas próprias conclusões dos fatos que contam a história da fundação de Portugal.

 

💡Dicas e informações

– O mosteiro está localizado há 6km do centro da cidade de Penafiel. Se não possui carro próprio, pode recorrer ao serviço de Uber,  Bolt (código G3674 para ganhar 60% de desconto nas primeiras viagens) ou alugar um carro na Rental Cars.

– É necessário agendar as visitas aos monumentos da Rota do Românico com antecedência de, pelo menos, 48 horas. Sempre que puder, faça a visita guiada! O entendimento sobre os monumentos e a sua importância na história da fundação de Portugal ganha outra dimensão!

– As visitas podem ser agendadas pelo email rotadoromanico@valsousa.pt.

 

Nós na Rota do Românico

Com o objetivo de promover a Rota do Românico, uma experiência turística fora do óbvio, vamos regressar nos séculos da história de Portugal e viajar para explorar novos pontos do norte do país.

“Nós na Rota do Românico”, é um projeto inteiramente produzido pelos blogs “Aqueles que viajam” e “O Porto encanta”, com o apoio da Rota do Românico.

 

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Onde: Largo do Mosteiro – Penafiel / Portugal
Quando: visita guiada de ter a dom e m
issa no Sab às 21h e Dom às 7:30h e às 11:00h
Quanto:  5,00€  por pessoa ou visita acompanhada por um técnico por 20€ até 5 pessoas, 25€ até 10 pessoas, 30€ até 20 pessoas, 35€ até 30 pessoas, 40€ até 40 pessoas, 50€ até 50 pessoas, 60€ até 60 pessoas e 70€ até 70 pessoas
Contato: +351 255 810 706 ou 918 116 488 | visitarrr@valsousa.pt

 

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